Zona Portuária.

Não é uma questão de ser,
É amor e pronto, resumo de tudo,
Sou amor porra, 100% de mim,
A alma grita, berra, o corpo transcende...

Não existe explicação cara,
Pra onde eu olho vejo cor,
Até no ônibus lotado sou poesia,
E sinceramente, isso que me move...

Que se dane o dinheiro,
Que se danem os adereços,
A música ecoa nos meus ouvidos,
E transborda no coração...

Ser bonito é saber ver,
A beleza intrínseca de alguem,
Expondo a sua nudez num gole,
Num beijo roubado, parando o tempo...

Das beiras, me perdendo nas eiras,
E o vento que me leva, e que leve,
Quero ancorar, e encontrar,
Minha outra metade, do outro lado de lá (do coração)...

...

I

Não namore comigo.

Não tenho dinheiro (nem muita vontade de ter)

Não gosto de carros...

Não quero ter casa própria...

Não faço academia...

Não tenho os olhos azuis...

II

Não namore comigo

Pois da vida que eu quero,

Só vou levar dela muito amor e saudade,

Histórias de noites mal dormidas,

Risadas sempre fora de hora,

Música que ninguém mais ouve,

Pés descalços e todo tempo do mundo...

III

Não namore comigo

Não sou nada vistoso,

Aos olhos dos outros, apenas um louco,

Que não tem ambição e só fala que não

Um sem futuro, sem rumo, sem solução...

IV

Mas se ainda sim quiser ficar,

Se prepare meu bem,

Pois é vida que não à de acabar,

É poesia no café da manhã,

O Jobim embalando nossas tardes,

Aquele vento de outono na janela...

V

Irão dizer que não é fácil...

Mas em nós, por nós, seremos,

De ontem, de hoje, viveremos...

Eternamente.